DUAS RODAS.
Dia
desses tava voltando pra casa e fiquei pensando em como tá um pouco
mais tranquilo andar de bicicleta por Fortaleza. Depois que virou
moda andar de bike pela cidade, os motoristas tiveram que começar a
respeitar um pouco mais os ciclistas.
Quando
eu era moleque, praticamente toda noite eu pegava a bicicleta preta
que eu tinha e saia pra dar uma volta. Eu nunca tinha aonde ir
especificamente, então entrava e saia de ruas do meu bairro, ia até
outros bairros e era tranquilo, o movimento de carros era menor na
época e o povo respeitava mais. Tinham os assaltos, que eram
praticamente o único perigo. Mas a qualquer hora do dia era de boa
andar de duas rodas pela cidade.
Numa
tarde quando eu voltava da aula, dois caras em uma bike apareceram e
um deles me deu uma voadora e levou minha pretinha. Dai sem duas
rotas comecei a andar mais de pé dois. O tempo foi passando,
Fortaleza começou a crescer de uma forma estranha e o trânsito foi
ficando mais intenso, se tornando um grande problema.
Talvez
por isso, juntando uma moda meio fitness na cidade, o prefeito colocou
as bicicletas por aí. Pro povo deixar de andar de carro ou ônibus e
começar a ir mais de bike pros cantos, pra tentar dar uma diminuída
no volume de carros nas ruas.
Virou
moda andar de bike na cidade. O povo se encontra pra pegar as
bicicletas da prefeitura e ficar andando pela Bezerra de Menezes na
via das bikes. O povo se encontra em grupos e ficam pedalando de
bairro pra bairro, as vezes até indo em cidades vizinhas. Você
encontra vídeos de filósofos andando pelados pelas ruas fazendo
“protestos” pedindo mais respeito aos ciclistas, falando que a
bicicleta também é um corpo que anda pela cidade, umas frescuras e
baitolagens de astirtas, mas que de toda forma pode servir de algo,
se for para que o povo comece a ver mais os ciclistas e passe a respeitar.
Eu
tava pensando nisso dia desses quando vinha na 13 de Maio, uma
avenida com um fluxo de carros e ônibus gigantesco. Tava pensando
nisso enquanto pedalava e via as marcas de batidas no chão. Lembrei
em como era pouco viável andar em alguns lugares nessa cidade de
bicicleta. A 13, por exemplo, era uma avenida em que tinha batida de
carro ou de ônibus pelo menos umas 3 vezes ao dia. Era raro passar
por lá e não ver isso acontecer ou já ter acontecido. E agora os
motoristas tendo, mesmo que a contragosto, respeitar um pouco mais o
povo que também tá na pista com eles.
Ainda tem muitos
bugs pra concertar, é certo. Faltam faixas pros ciclistas pelo resto
da cidade, não só nos bairros ricos, como foi primeiro colocado.
Mas quem sabe, quem sabe, num futuro bem distante, as coisas melhorem
um pouco mais. Quem sabe.
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