UMA ESTRELA.
Uma
estrela flutuou e entrou pela persiana aberta de minha janela. Uma
estrela branca, um floco de neve. Mas como um floco de neve poderia
aparecer nessa cidade? Não sei, talvez seja só a madrugada.
Existem
tantas coisas que ainda não sei, tantas coisas que estou longe de
entender. Levando em conta minha idade já deveria saber de muito,
entender tudo melhor. Mas não, passo por essa vida sem dela retirar
grandes ensinamentos. O tempo não para, e eu parada no ar sem saber
aonde ir.
Semana
passada encontrei com um antigo amigo de colégio. Quanto tempo
fazia? 7, 13, 30 anos que tudo passou? Nem lembro mais direito desse
tempo. Todos tão juntos, promessas que o tempo não nos separaria, a
turma que sempre estaria unida.
O
tempo passou e o que aconteceu? Encontro com um ou outro em ocasiões
extremamente separadas. Sorrisos e a promessa de uma cerveja, um
sorvete, uma conversa. Engraçado, sempre algo frio. O tempo passa e
leva com ele pedaços de nós.
Meu
amigo me disse que estava bem, trabalhando muito, falta de tempo
sempre presente em sua
vida, mulher, filhos,
casa na praia. – “Qualquer dia apareça, vamos reunir a velha
turma! O que anda fazendo?” - O que ando fazendo?! Reunir a velha
turma?! – “Vamos marcar um próximo encontro, te apresento meus
filhos, minha esposa.” – Provavelmente nunca mais nos veremos, ou
quando nos esbarrarmos novamente o tempo terá me levado de sua
memória para um já não reconhecimento. O tempo carrega pedaços da
alma, espelhos do que se foi.
Acendo
um cigarro, sentada na cadeira olhando para a janela com as persianas
abertas. Uma lágrima escorre de um olho, não consigo segurar a
melancolia. Lentamente outro floco de neve entra por um das persianas
abertas, vem flutuando até cair na palma de minha mão. Branco,
brilhante. Seria mesmo uma estrela?
28/06/2006
06:00
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