POR ONDE ANDA ARTURO BANDINI?
Arturo Bandini é um dos meus
personagens favoritos na ficção. A primeira vez que li uma estória de John
Fante com o personagem foi em “Sonhos de Bunker Hill”. Fiquei maravilhado com o
senso de humor de Fante usado na construção tanto do personagem como nas
situações que o colocava. Deitava e lia e ria sozinho de diversas coisas que
aconteciam com Bandini, um personagem tão humano, que cometia erros tão humanos
que é quase difícil não se apaixonar. Adorei “Sonhos de Bunker Hill” de
imediato, o li duas vezes no ano em que o comprei, e então já estava meio que
tomado pela literatura de John Fante. A emoção nas histórias do escritor
escorre pelas páginas.
Um tempo depois li “1933 Foi um
Ano Ruim”. Li o livro de uma deitada só. O dia amanhecia e eu terminava as
ultimas páginas. E o final, que final. Daqueles que você se segura pras
lágrimas não rolarem no seu rosto. Desta vez a narrativa acontecia ao redor de
Dominic Molise, um garoto que sonhava em ser jogador de beisebol.
Voltei a Arturo Bandini em
“Pergunte ao Pó”, considerada obra prima de Fante. Nem é minha “aventura”
favorita com o personagem, em “Sonhos... ainda o acho mais certeiro, com o
humor mais presente, mas afiado. Mas não podia me segurar, por exemplo, em
momentos como quando Bandini descobre que Camila fumava maconha. Aquele; Então
é isso, Camila era uma maconheira. Me surgia como algo tão engraçado, tão cheio
de pudor, tão moralista, que não conseguia me segurar e rir.
Hoje terminei de ler “O Caminho
de Los Angeles”, o primeiro livro que Fante escreveu, e que só veio ser
publicado postumamente. E lá estava Arturo Bandini. Tão moleque, tão endiabrado
e tão louco. Em diversos momentos o personagem chega a encher o saco do leitor.
Tão humano querendo construir uma obra original, algo que saísse de sua cabeça,
e preso pela família, pelo ato de ter que trabalhar.
Fante foi um escritor fenomenal.
Suas obras estão sempre repletas de humor quanto de dor. Seus personagens
sempre pobres, com poucas chances e perspectivas de mudança de vida. Bandini
sempre rodeado pela pobreza, querendo apenas escrever algumas linhas para
mostrar ao que veio. E aquela família italiana que rodeia todos os personagens.
É fato que Fante repetia demais
alguns elementos. A questão da própria família, do pai pedreiro que não
conseguia trabalhar, do personagem escritor, estão lá em quase todos os livros
e contos dele, mas mesmo assim, Fante foi um grande narrador. Poucos escritores
conseguiram passar emoção de uma maneira tão forte em seus escritos como ele.
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