ABISMOS.

Diego Moraes soltou um link e disse; “A escritora mais barra pesada da internet.” Se referindo à escritora Camila Fraga. Então eu fui ver, queria ler isso. Me conectei ao blog e encontrei:
Vou devorar o diabo e deixá-lo em carne viva.
abrir os portões do inferno
e injetar adrenalina pra não dormir.
o mundo me faz mal,
mal pra caralho.

Pensei, é, é barra pesada mesmo. Passei a barra e encontrei mais

Amar é foda

na cama dele o
cheiro de outras bucetas
na minha o meu cheiro
essa eterna solidão
um jazz ligado no rádio baixinho
tento não pensar em porra
nenhuma
acendo um cigarro no banho
e deixo as cinzas caindo
em meus pés
na cama dele o
cheiro de outras mulheres
o cheiro delas talvez nunca
saia.
eu ainda ligo um tanto
pra isso
eu ainda me importo
que eu não seja a única
eu sempre vou
me importar.


Realmente, Camila Fraga se mostrou umas das escritoras mais barra pesada, perigosa que encontrei na internet nestes últimos tempos, sua poesia vai do delicado e forte ao falar das desilusões dos dias e das solidões nossas de quase todas as horas, ao violento necessário falando da falta de bons olhos a enxergar este mundo cão em que vivemos. Em seu blog, Camila tem colocado uma porção te textos daqueles que você solta um suspiro por ter encontrado boa literatura enquanto está lendo. Coisas que batem no fundo da alma guardada em cantos escuros do corpo. Textos poderosos e certeiros com os quais tenho me identificado fortemente. Camila escreve com uma violência poderosa sobre seus abismos internos, como se jogasse sangue na tela do computador enquanto posta seus textos. Camila escreve com um sangue marejado à cigarros e uísque em seus poemas, e isso é bom de ver, bom de ler uma escritora sem firulas mandando uma boa literatura hoje em dia. E difícil não se identificar.

a maioria das noites eu durmo às quatro da manhã. ou até mesmo lá pelas seis, quando o dia quase diz que vai amanhecer, mas a porra do sol nunca desce antes das oito e meia da manhã. tenho tido problemas com a droga do sono. fico pensando em merda antes de dormir. eu trouxe uns livros comigo, a maioria eu já li e depois perdi o saco de ler qualquer coisa. tenho escrito pouco. uns poemas ruins pra diabo que às vezes eu digito antes de tentar pegar no sono, lá pelas 4. eu deito e fico tossindo pra valer. essa tosse nunca vai passar. tô há quase 3 semanas com ela. é a minha única companheira. perdi o cabo do meu mp3, não sei como tô conseguindo sobreviver sem abstrair do mundo. é uma merda entender todas as conversas em espanhol. todo mundo conversa sobre as mesmas merdas, num importa o país. às vezes sinto vontade de comprar uma vitrola e ficar horas ouvindo uns punks espanhóis bem fudidos, mas não tenho dinheiro. só resta sentar nesse sofá fedorento da sala, ligar a tv e assistir friends e two and a half man em espanhol e comer um miojo frio que deixei na geladeira de ontem.
 Este e outros textos de Camila, lá no blog da garota.

Comentários

camila disse…
valeu, cara! abraços.
Carlos Alberto disse…
Valeu Camila. Abraço.

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