UM CIDADÃO INSTIGADO.

Se existe uma banda que eu não gostava e passei a gostar do ano passado para cá, foi Cidadão Instigado. Nas primeiras vezes que escutei, não consegui pegar o som da banda, mas depois de certo tempo, me chegou, e muito bem.
Fernando Catatal é da terrinha, e é legal pensar que um dos caras que está fazendo um dos sons mais instigantes no cenário da música brasileira, andava pelas mesmas ruas da cidade em que ando, e estudava música em uma das universidades que tentei entrar. É legal e estranho pensar nisso, e que nossos caminhos nunca se encontraram vivendo nesta mesma cidade ilha, e nunca iriam se encontrar. Catatal, se não me engano (e sempre estou fazendo isso) estudou música na UECE, a Universidade Estadual do Ceará, não concluiu o curso e sartou fora do Forte Fortaleza com sua banda e trabalhando com outros ótimos músicos, como Vanessa da Mata, onde participou de alguns discos da cantora tocando suas guitarras. Assim foi e continua sendo (e espero que por muito tempo), Catatal faz as guitarras nas músicas do cantor Otto. E sendo um guitarrista extremamente experimental e inventivo, Catatal cria melodias com suas 6 cordas que vão do alucinógeno viajante ao raivoso, criando espaços e atmosferas únicas em cada canção que compõem, que pode ir do puro experimentalismo a algum regionalismo.
Com sua banda não é diferente. À frente do Cidadão Instigado, banda que já existe há 14 anos se não me engano, Catatal canta no palco do calmo e tímido ao raivoso, criando músicas com sonoridades incrivelmente e propositalmente bregas que lembram cerveja gelada sendo bebida em bares pé de chinelo acompanhadas por dor de cotovelo, como a música “Te Encontrar Logo” que abre o primeiro disco da banda; “E o Método Túfo de Experiências” e “O Tempo” que fecha incrivelmente bem, disco de 2005 que ainda toca aqui no som de casa.
Em outras músicas a banda se mostra agressiva, como “Calma”, e experimental como “Os Urubus Só Pensam em Te comer” e “O Pobre dos Dentes de Ouro”, onde a banda usa toques eletrônicos mesclando com o velho e bom rock and roll. E quando se escuta Cidadão Instigado, a idéia que se tem é a criação de músicas para depois uma desconstrução. É como se eles compusessem canções para que depois de todo o trabalho feito, pegassem as músicas e as desconstruissem, criando mais trabalho, mas com resultados mais significantes e poderosos para quem ouve.
No momento a banda lançou seu 3° disco, que ainda não ouvi, mas que com certeza irei, porque o selo de qualidade de bom som está sempre colado numa banda corajosa de reinventar música em um país repleto de bandas e músicos preguiçosos e modistas, sempre sedentos por conselhos prontos de professores/produtores de gravadoras para transformar todas as músicas em uma só música, todos os cantores em um só cantor, todas as bandas na mesma banda.
Comentários
beijo enorme!
Beijo.
Fooda!!