ORAÇÃO CONTRA UMA DOR.
Soneto dos ancestrais
Minha mãe! Minha mãe! Eu vou rezar
Por essa dor que herdei de meus avós.
O Deus dos ancestrais sabe escutar.
Rezarei pelos mortos e por nós.
Minha mãe! Minha mãe! Foi o luar
Que tangeu este sino em minha voz.
Foi a dor de meu pai que eu vi passar
Contra o perfil platônico dos bois.
Vou rezar pelo enterro das saúvas.
Rezar também para que o trigo cresça,
Pelo tear que tece e pelo fuso
Em que se enrola a malha dessas rugas.
Vou rezar pela fome, que não cessa
De correr, dos teus olhos em desuso.
Francisco Carvalho
Minha mãe! Minha mãe! Eu vou rezar
Por essa dor que herdei de meus avós.
O Deus dos ancestrais sabe escutar.
Rezarei pelos mortos e por nós.
Minha mãe! Minha mãe! Foi o luar
Que tangeu este sino em minha voz.
Foi a dor de meu pai que eu vi passar
Contra o perfil platônico dos bois.
Vou rezar pelo enterro das saúvas.
Rezar também para que o trigo cresça,
Pelo tear que tece e pelo fuso
Em que se enrola a malha dessas rugas.
Vou rezar pela fome, que não cessa
De correr, dos teus olhos em desuso.
Francisco Carvalho
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