Dessa noite mais longa, mítica do tempo, Desentranhada da aurora boreal E dos corpúsculos emitidos pelo sol, Vieram os deuses e os mistérios do homem. Dessa noite de espumas e alguns cascalhos, Envolta em névoas e invoca nas estrelas Mas antigas, Separam-se os mundos e o tempo Para o nascimento dos mistérios E o acolhimento dos deuses. Para essa noite mais fria abriu-se o coração da terra Na esperança de um sol e do dia mais longo E gestar-se a divendade e para tecer-se Com fios invisíveis de gelo e luz O cerne do desconhecido. Essa noite de magias traz a mensagem Da primeira explosão, dos textos Inscritos nas cavernas E nos sonhos da Babilônia e seus escravos egípcios Que trouxeram o desenho Para perdurar nos tempos Dos nascimentos e renascimentos divinos – E é, afinal, sendo a mais longa, o zero Que multiplica o infinito. - Álvaro Pacheco em 5 de dezembro de 97