AQUILO QUE PERDI PELO CAMINHO.
5 anos é tempo que passa. Dependendo das experiências que se
vivencia, 5 anos pode passar ligeiro. Ou bem lentamente. Para a banda Vanguart,
5 anos foi definitivamente um tempo de mudanças e experiências. A banda saiu de
Cuiabá e ganhou as estradas do Brasil. Passou a morar em São Paulo e ganhou espaço
no cenário da música Brasileira. Trabalharam em projetos paralelos e
amadureceram como músicos. 5 anos foi o tempo que passou para gestar o segundo
disco da banda, e no meio de 2011 saiu “Boa
Parte de mim Vai Embora”, para acabar com certo silêncio e trazer alegria
dos fãs. Que sim, para os fãs que a banda conquistou, 5 anos passaram muito
devagar na espera de mais um trabalho.
“Boa
Parte de Mim Vai Embora” foi lançado pelo meio do ano de 2011, e talvez
seja um novo marco para o Vanguart. A banda que veio do cenário independente
teve seu primeiro e ótimo disco lançado e distribuído junto com a Revista Outra coisa, a boa e
infelizmente finada Outra Coisa. Do lançamento do primeiro disco para os anos
que seguiram, Vanguart tomou espaço na música, teve musica recebida como hino
da geração 00, foi chamada para gravar em uma grande gravadora e nisso perdeu o
título de banda independente para alguns. Neste tempo gravaram um DVD
registrando este processo. Passaram também pela tensão e pressão do segundo
disco, o que o público e a critica esperavam. E então nasceu Boa Parte de
Mim...
No segundo disco, Vanguart surge novamente com boas composições, e embora boa parte da imagética das canções de Hélio Flandres não tenha surgido tão bem neste trabalho como era extremamente presente no disco de estreia, as canções são muito bem compostas, diga-se em letras e em arranjos. A formação Folk Rock continua, e dá para ver certo experimentalismo nas músicas. Essas vieram mais carregadas de dor e perdas, o disco é levado sobre uma tristeza pungente. As canções falam de relacionamentos que não deram certo, sensações e sentimentos que se perderam pelos caminhos de vida, essas partes, essas vidas que perdemos pelos caminhos que percorremos. Boa parte de mim... É um disco extremamente carregado, pesado, que poucas vezes encontra uma luz. Em poucos momentos você consegue respirar um pouco mais tranquilo, em poucas canções você consegue sentir alguma alegria, mesmo que nestas canções mais alegres você sinta o peso daquilo que se perdeu. “Mi Vida Eres Tu”, que abre o disco com Hélio cantando em português e espanhol, “Eu Vou Lá”, “Onde Você parou” e "Das Lágrimas" cantada pelo baixista Reginaldo Lincoln são exemplos dessas canções em que o tom alegre mais festivo e dançante aparece, mesmo que as canções falem sim de percas que podem ter sido dolorosas.
No final da audição do disco, a sensação de
encontro com aquilo que se perde por aí é sentido, mas também quem escuta
consegue distinguir um trabalho de extremo bom gosto de uma banda que continua
caminhando neste cenário de música em um país tão difícil de viver de arte de
verdade, e a certeza de que Vanguart vai aos poucos se firmando como uma das
bandas mais importantes do cenário independente (mesmo que já estejam em uma
gravadora não independente). E que lógico, eles ainda tem muito trabalho bom a
ser feito. E que com certeza irá ser.
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